A colocação de cecostomia percutânea permite a realização de enemas anterógrados por meio de uma sonda e, como tal, evita as complicações associadas ao estoma. Inicialmente descrita como um procedimento colocado com auxílio da fluoroscopia4 and 5, o recurso à endoscopia permite uma visualização direta do cego, evitando que a colocação da sonda seja feita noutros locais que não esse, ao mesmo tempo que o doente não é exposto a radiação prolongada. É tecnicamente
simples e fácil de realizar. Também o tempo de procedimento é curto6, sendo menos moroso que a realização de apendicostomia/cecostomia e que a colocação sob controlo radioscópico. Como desvantagens apresenta-se a presença de uma sonda permanente que atravessa a pele e o tecido subcutâneo terminando click here no cego e a possibilidade de ocorrência de complicações relacionadas com a sonda (sua remoção acidental, rotura4 e migração). No caso que se apresenta ocorreu a migração da sonda inicial, tendo esta complicação sido facilmente resolvida com colonoscopia e substituição por sonda com
balão. Estão ainda descritas outras possíveis complicações: peritonite, celulite e hemorragia7. No caso particular das crianças com derivações ventriculoperitoneais, a colocação de CEP parece ser uma opção segura, na medida em não tem sido associada a risco maior de infeção do líquido céfalo-raquidiano2 and 4. A CEP é recomendada nos casos de second incontinência fecal AZD9291 molecular weight associada a espinha bífida, lesão medular, malformação anorretal e alterações neurológicas. Na doença de Hirschsprung
com enterocolite recorrente e pseudo-obstrução cólica pode ser útil para irrigação e descompressão do cólon. A sua aplicabilidade poderá ser alargada também para aos adultos para descompressão em casos de obstrução maligna do cólon esquerdo2. Não terá de ser necessariamente realizado sob anestesia geral, podendo ser um procedimento de ambulatório com sedação e anestesia local, desde que a colonoscopia seja bem tolerada. Longe de ser a forma de abordagem ideal da incontinência fecal, a CEP revela-se como uma boa opção terapêutica. Apesar de ainda não ser frequentemente utilizada e divulgada na literatura e apesar da ausência de estudos comparativos com as opções mais amplamente usadas como a apendicostomia/cecostomia e os enemas retrógrados, alia as vantagens da realização de enemas anterógrados sem a presença de estoma e colocado de uma forma rápida e segura. O doente adquire autonomia e independência na realização dos enemas e alcança o controlo da continência fecal melhorando significativamente a sua qualidade de vida e adaptação social, aspetos fundamentais na vida de um adolescente. Os autores declaram não haver conflito de interesses.